- REDAÇÃO/NovidadesMT
Enquanto posava ao lado do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, durante evento público nesta quarta-feira para defender uma atuação de “mão de ferro” e a criação de “leis duras” contra o crime organizado, a memória recente de Mato Grosso cobrou uma postura mais coerente do governador Mauro Mendes (UNIÃO).
A fala dura de Mendes contrasta fortemente com seu silêncio há dois anos, quando um de seus ex-secretários de Estado foi preso acusado de integrar uma organização criminosa de tráfico internacional de drogas.
Em 2022, Nilton Borges Borgato, que havia sido secretário de Ciência e Tecnologia de Mato Grosso, foi alvo da Operação Descobrimento, da Polícia Federal. Borgato deixou o cargo apenas no prazo legal para disputar as eleições daquele ano. A investigação, considerada um dos maiores casos de exportação de cocaína do país, apontou que a droga, produzida em Mato Grosso, era enviada por via aérea para a Europa. O esquema atingiu em cheio o alto escalão do primeiro governo Mauro Mendes.
O silêncio que fala
A pergunta que paira no ar, e que foi relembrada por setores da sociedade e da política mato-grossense após o discurso do governador, é: o que aconteceu com o caso?
A mesma “lei frouxa”, hoje criticada veementemente por Mendes, foi a que colocou seu ex-secretário de volta em liberdade. Após ser preso em flagrante, Borgato foi beneficiado com a progressão de pena e cumpriu parte do regime em casa, com o uso de tornozeleira eletrônica.
Na ocasião, não houve registro de qualquer manifestação pública do governador Mauro Mendes reclamando da legislação penal branda ou pedindo um endurecimento das penas. Pelo contrário: da parte do chefe do Executivo estadual, houve um silêncio absoluto. Nenhuma palavra de indignação sobre o grave crime, nenhum discurso inflamado cobrando rigor da Justiça contra um crime que manchou a administração pública estadual.
A moralidade questionada
O episódio levanta um sério questionamento sobre a autoridade moral do governador para cobrar rigidez alheia. A sociedade mato-grossense e observadores políticos indagam: que moral tem o governador para exigir leis mais duras quando um caso de alta gravidade, envolvendo tráfico internacional, atingiu diretamente seu entorno político?
A pergunta que ecoa é: será que as “leis frouxas” só se tornam um problema conveniente para o discurso político, mas se transformam em solução silenciosa e tolerada quando beneficiam aliados e ex-colaboradores?
Enquanto Mato Grosso ouve promessas de “mão de ferro” contra o crime, a memória do caso Borgato serve como um potente lembrete de que a coerência entre o discurso e a prática é, ela mesma, um pilar fundamental para uma política de segurança pública crível e eficaz. A ausência dela mina a confiança e expõe uma seletividade que a população não ignora. (com informações blogdopopo)
 






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